Davi Alcolumbre volta à presidência do Senado Federal com 73 dos 81 votos

O Senado Federal elegeu Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) como seu novo presidente, neste sábado, 01/02, em uma demonstração de força política que lhe rendeu 73 dos 81 votos possíveis. O resultado iguala o recorde histórico estabelecido por Mauro Benevides (1991) e José Sarney (2003), consolidando uma ampla coalizão que atravessa o espectro ideológico do Congresso Nacional.

A expressiva vitória de Alcolumbre foi construída através de uma complexa engenharia política que reuniu nove das doze bancadas partidárias da Casa: PSD, PL, MDB, PT, União Brasil, PP, PSB, Republicanos e PDT. Em uma demonstração da amplitude de suas articulações, o senador amapaense conseguiu congregar apoios aparentemente antagônicos: obteve tanto o aval do ex-presidente Jair Bolsonaro – que negociou pessoalmente o apoio do PL em troca da primeira vice-presidência do Senado e de comissões estratégicas – quanto a bênção do atual presidente Lula, após comprometer-se a não criar obstáculos à agenda governamental.

Entre as concessões negociadas, destaca-se o acordo com o PL para manter aberto o debate sobre a anistia aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro, tema sensível que exemplifica o delicado equilíbrio político que Alcolumbre terá de administrar. Os senadores Eduardo Girão (Novo-CE) e Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) mantiveram candidaturas de oposição, mas sem conseguir ameaçar a ampla maioria construída pelo vencedor.

Esta será a segunda vez que Alcolumbre comandará o Senado, após uma gestão entre 2019 e 2021 que deixou marcas profundas na dinâmica orçamentária do Congresso. Em seu primeiro mandato, ele expandiu significativamente o poder parlamentar sobre o Orçamento da União, implementando um controverso sistema de distribuição de recursos através das emendas de relator, que acabou vetado pelo STF em 2022. Após a proibição, o senador redirecionou seus esforços para o fortalecimento das emendas de comissão, mecanismo que atualmente está sob análise do ministro do STF Flávio Dino.

A trajetória de Alcolumbre até este momento é marcada por altos e baixos. Sua primeira eleição para a presidência do Senado, em 2019, foi muito mais conturbada, conquistando apenas 42 votos em um pleito marcado por eventos controversos, incluindo a desistência do então favorito Renan Calheiros (MDB-AL), recursos ao STF e até mesmo um episódio peculiar em que a senadora Kátia Abreu se apoderou da pasta contendo o rito eleitoral. Ao final daquele mandato, tentou uma manobra para garantir a reeleição consecutiva, mas foi impedido pelo STF por violação constitucional.

Em seu discurso de posse, Alcolumbre destacou a importância histórica da votação expressiva: “Esta união sem precedentes de forças políticas diversas demonstra a maturidade de nossa democracia e a disposição do Senado em superar divergências em prol do interesse nacional”. O novo presidente prometeu exercer uma gestão equilibrada, fortalecendo a independência do Legislativo enquanto mantém pontes de diálogo com os demais Poderes.

Os desafios que se apresentam são consideráveis. Além de administrar as expectativas por vezes conflitantes de sua ampla base de apoio, Alcolumbre terá de lidar com pautas complexas como a reforma tributária, a regulamentação das redes sociais e a discussão sobre um novo arcabouço fiscal. Sua capacidade de manter a coesão demonstrada na eleição será fundamental para o sucesso de sua gestão e para a própria governabilidade do país.

A votação deste sábado não apenas marca o retorno de Alcolumbre à presidência do Senado, mas também sinaliza uma possível nova fase na política nacional, onde a capacidade de articulação e construção de consensos pode se sobrepor às divisões ideológicas que marcaram os últimos anos da política brasileira.

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