Hamas orquestra nova série de libertações de reféns e exibe controle sobre Gaza

Gaza, 1º de fevereiro de 2025 – Em um movimento que vem se tornando rotina, o Hamas realizou neste dia mais uma operação de libertação de reféns, desta vez liberando Keith Siegel, Ofer Kalderon e Yarden Bibas. A ação ocorreu dois dias após a troca anterior, quando o grupo também libertou Arbel Yehoud, Agam Berger e Gadi Moses, além de cinco cidadãos tailandeses – Thenna Pongsak, Sathian Suwannakhan, Sriaoun Watchara, Seathao Bannawat e Rumnao Surasak.

Uma rotina que se consolida
Desde o início das negociações em 19 de janeiro, as trocas de reféns passaram por um processo de normalização. Enquanto a primeira liberação – que envolveu Romi Gonen, Emily Damari e Doron Steinbacher – ocorreu de forma improvisada em um terreno aberto próximo a prédios destruídos, com centenas de pessoas empurrando veículos da Cruz Vermelha, a nova fase das operações revelou um Hamas cada vez mais controlado e meticuloso na coreografia dos eventos.

Cerimônias coreografadas e demonstração de poder
O Hamas investiu em produções oficiais para reforçar sua imagem. Em um evento marcado por grande encenação, o grupo organizou uma cerimônia para a libertação das mulheres Karina Ariev, Daniella Gilboa, Naama Levy e Liri Albag, durante a qual foram distribuídas sacolas contendo certificados e a Cruz Vermelha foi convidada a subir ao palco para acompanhar as ex-soldadas. Em outra cerimônia, Agam Berger, a quinta mulher da IDF feita refém desde 7 de outubro, foi liberada em Jabaliya, no norte de Gaza.

Exibindo controle sobre o território
A estratégia do Hamas vai além das trocas de reféns. Em cada operação, o grupo escolhe diferentes áreas de Gaza – como Jabaliya e Khan Yunis – para evidenciar seu controle territorial. Inicialmente restrito ao centro, o Hamas vem demonstrando expansão para o norte e o sul da região, enviando uma mensagem de autoridade tanto a Israel quanto à população local.

Reconstrução e preparação para novos desafios
Durante o cessar-fogo, que tem duração prevista de quarenta dias, o Hamas tem aproveitado para se reestruturar. O grupo está distribuindo armas e uniformes a seus membros, incorporando novos recrutas para substituir as perdas sofridas nos combates. Ao mesmo tempo, o Hamas trabalha em conjunto com outras organizações, como a Jihad Islâmica Palestina, para projetar uma imagem de força e unidade, sinalizando sua intenção de se reafirmar no controle de Gaza mesmo diante de possíveis novos confrontos com Israel.

Mensagem para a população e para o adversário
Além de demonstrar capacidade de negociação e organização, o Hamas busca convencer os habitantes de Gaza de sua aptidão para enfrentar os desafios futuros, especialmente após o período de reconstrução. O grupo também se mostra atento às intenções do governo israelense, que pode retomar as hostilidades após o primeiro período do cessar-fogo, e à proposta, já anunciada pelo governo dos EUA, de que os habitantes de Gaza deixem a região temporariamente durante a reconstrução.

Disfarçando fragilidades e ressaltando vitórias
Embora a estratégia do Hamas inclua a exibição de capturas de armamentos obtidos em 7 de outubro, os organizadores das trocas de reféns procuram mascarar as perdas significativas em seu arsenal – hoje composto em grande parte por pistoleiros armados. O grupo investe em números e em uma narrativa de vitória para compensar a diminuição do poder bélico demonstrado anteriormente.

Com a continuidade das operações de troca de reféns e a reorganização interna, o Hamas procura, de maneira calculada, construir uma imagem de controle absoluto em Gaza, mesmo em meio a um cenário de incertezas quanto ao futuro dos confrontos na região.

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