Porto Velho, RO – O deputado federal Coronel Chrisóstomo, do PL, está revoltado. E fez questão de deixar clara a revolta mandando veicular a notícia de que na Câmara Federal há um banheiro unissex dedicado a, além de mulheres saudáveis, pessoas tanto do sexo masculino quanto feminino especificamente em cadeira de rodas, questão de humanidade e acessibilidade. Esta é a prioridade para o militar. Ele dá de ombros ao estado que o elegeu, sofrendo, diariamente, com inúmeros casos de violência; assaltos; assassinatos; acidentes de trânsito causados por embriaguez; isto além de problemas estruturais em todas as 52 cidades onde, só em Porto Velho, questões relacionadas à ausência de uma infraestrutura decente em termos de saneamento básico faz o município mergulhar a cada chuva. Em vez de discursar, e, além do discurso, correr atrás de recursos para contribuir com a resolução desses imbróglios, o congressista resolveu que quer mesmo é agradar a “bolha”, servir à patota, isto da maneira mais preguiçosa possível. Com esse pronunciamento raso e preconceituoso, que remete a 2018, o membro rondoniense no Poder Legislativo se apequena. “Um homem não deixa de ser homem por estar em cadeira de rodas”, disse. Essa birrinha discursiva busca agradar somente aquele eixo mais problemático da extrema direita: que não está nem aí para a necessidade alheia e norteia suas ações, reações e opiniões com lastro numa ridícula interpretação freestyle daquilo que pensam ser a “vontade de Deus”. Infelizmente o parlamentar não se coloca no lugar do outro. Prefere atrair para si essa publicidade temporária criada em cima do absurdo: a tal da “mitada” no campo ideológico destro, algo semelhante à “lacração” da esquerda. Provavelmente dará certo. No seu curral, será ovacionado; receberá muitas palmas; e ouvirá elogios a rodo. Se a intenção é reverberar em sua própria cerca eletiva, resolvido. Parabéns. Agora, se existe ainda um pouco do Coronel Chrisóstomo do primeiro mandato, que, diferentemente daquilo que a maioria esperava acabou agindo como digno representante da bancada federal e não como serviçal de pautas desmioladas e sem sentido. Mesmo sendo bolsonarista ferrenho, o deputado nunca foi radical, abraçando a racionalidade em seus atos a despeito dos discursos ferrenhos com os decibéis acima do tolerável para ouvidos comuns. Uma pena. Um homem não deixa de ser homem por estar em cadeira de rodas; de fato, a frase do deputado, embora desprezível no contexto utilizado, guarda um fundo de verdade se adaptada. Trocando em miúdos, um homem deixa de ser homem quando perde a sua humanidade.]]>