Motta faz acenos para a direita e recados ao governo incomodam base de Lula

O presidente da Câmara, Hugo Motta, e o presidente Lula durante encontro no Palácio do Planalto (Foto: EFE/Andre Borges)

A primeira semana de Hugo Motta (Republicanos-PB) à frente da Câmara dos Deputados foi marcada por uma série de acenos para a oposição e por diversos recados ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Por um lado, as movimentações agradaram, principalmente, lideranças da direita, enquanto a base aliada do Palácio do Planalto já sinaliza um desgaste com as sinalizações dadas pelo sucessor de Arthur Lira (PP-AL) na Casa.

A oposição se articula, por exemplo, para tentar avançar com o projeto apresentado pelo deputado Bibo Nunes (PL-RS), que reduz o prazo de inelegibilidade da Lei da Ficha Limpa de oito para dois anos. A avaliação do grupo é de que, se aprovada até outubro deste ano, a mudança poderia liberar os direitos políticos de Bolsonaro para que ele concorra à presidência em 2026.

“Deputados de diferentes partidos já me procuraram para dar apoio ao texto, a sinalização do presidente Hugo Motta nesta semana mostrou que podemos avançar com o texto”, disse Bibo Nunes. Como mostrou a Gazeta do Povo, o apoio de partidos do Centrão é visto como estratégico pela oposição para avançar com o projeto.

Contudo, o tema não é consensual no Partido Liberal. Parte dos parlamentares acredita que é difícil defender o tema, pois o enfraquecimento da Lei da Ficha Limpa pode beneficiar não só os perseguidos políticos, mas também indivíduos envolvidos com corrupção. O ideal, segundo afirmou uma voz influente do partido que pediu para não ter o nome revelado, seria a aprovação de um projeto para anistiar Bolsonaro especificamente.

Centrão e oposição se unem para mudar regra da inelegibilidade que pode beneficiar Bolsonaro
Na semana passada, em pelo menos duas ocasiões, o presidente da Câmara afirmou que considera “muito extenso” o período previsto na Lei da Ficha Limpa, de oito anos de inelegibilidade. Na sexta-feira (7), em entrevista à rádio Arapuan FM, da Paraíba, Hugo Motta prometeu atuar de forma “imparcial” no julgamento do projeto da oposição que propõe a redução do prazo.

“Eu dei a minha opinião pessoal. Num sistema democrático em que você tem eleição de dois em dois anos, você não achar que oito anos é um tempo extenso no processo é você não reconhecer o sistema democrático. Oito anos na política brasileira é uma eternidade”, disse Motta.

Ainda segundo o presidente da Câmara, o projeto “veio à tona” com foco nas eleições de 2026 e em meio à discussão se Bolsonaro poderá ou não ser candidato. A expectativa é de que a proposta seja deliberada pelo Colégio de Líderes antes de um acordo sobre a tramitação em si.

“Vamos discutir com responsabilidade, dividir a decisão com o Colégio de Líderes, para ver se esse assunto deve ser priorizado ou não”, completou Motta.

(Gazeta do Povo)

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