Comentários & Prosas – “No alto da torre”!

Estou sozinho em um quarto escuro e de repente vejo sombras se moverem ao meu redor. São almas errantes que vivem em trevas, aquelas que habitam abaixo da linha do cosmos que vêm direto da escuridão para tirar a minha paz. Quando percebo que eles querem tocar na minha vida, rezo para HaShem (O Nome) pedindo a Ele que me proteja.

Geralmente, esses seres malditos são inferiores aos célicos que vivem próximo do Eterno. São espíritos da escuridão cujo papel é o de confundir a vida das pessoas que no dia a dia procuram se colocar diante do Eterno, Aquele que criou todo o universo e está acima de toda esfera que transcende o elemento zero, o que se multiplicou transformando-se no tudo.
Como filho gerado do zero, invoco o Infinito que também é o tudo, o Alef e o Tav, porque antes do zero Ele já existia e desde trilhões de eternidades formava o todo. Não vejo razão para que não supliquemos ao Criador de todas as coisas. Sei que é difícil viver em um mundo onde os seres racionais só pensam em si próprios, fingindo não perceber a carência humana onde milhares de pessoas estão à procura de sobrevivência.

A força das trevas se propaga como se fossem filhos da luz, mas caminham para a destruição na ilusão que está agradando ao Deus do bem. Como podem ser do bem se praticam o mau? Porventura, existe alguém perfeito ou apenas nos esforçamos para fazer o bem? É inevitável não sofrer os ataques do destruidor, mas somente devemos nos esforçar para praticarmos o bem, pois o Guarda do Universo estará sempre ao lado daqueles que o amam.

Antigamente eu ouvia coisas das estrelas dançantes, mesmo não tendo vontade de obedecê-las, acabava sendo levado para o meu vazio espiritual. Cresci, tornei-me sábio, aprendi a não sentir o mau. Eu sei que assim são as ordens sagradas para todo ser racional que vive no planeta terra, nesta esfera tão distante das razões celestiais. Também sei que a cada dia que passa, alimento o meu vazio buscando a perfeição, utopia da minha parte, o abstrato que jamais se tornará realidade.

Mas, um dia deste qualquer, Ele virá. Como a fênix surgida das cinzas me tornarei grande – jamais igual a Ele. Também não serei pobre, porque a Sua riqueza cobrirá a minha nudez e só assim serei livre, pois a minha morada será perpetuamente no Alto da Torre.

Siderlandio Simões (Ben Shimon)
Jornalista e articulista

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