A PF (Polícia Federal) deflagrou a Operação Yankee em combate a uma organização criminosa que atua no contrabando de migrantes para os Estados Unidos. A ação conjunta com a Agência de Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations – HSI) da Embaixada dos Estados Unidos em Brasília ocorreu na manhã desta segunda-feira (13).
Foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão, cinco mandados de prisão preventiva, um de prisão domiciliar, inclusão de quatro suspeitos na Difusão Vermelha da Interpol e o bloqueio de mais de 8 milhões de reais dos investigados em Buritis (RO), Apuí (RO) e Goiânia (RO). APolícia Federal obteve da Justiça o afastamento dos sigilos dos investigados, elementos probatórios que comprovam a atuação da organização criminosa e os ganhos financeiros obtidos com a promoção ilegal da migração, visto que cobravam elevados valores pelo auxílio na viagem, com a transferência de veículos e imóveis para os investigados e até mesmo com a emissão de notas promissórias. Com isso, a polícia identificou os integrantes da organização criminosa, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, que utilizavam uma empresa de viagens e turismo em Buritis para operacionalizar o esquema e lavar o dinheiro recebido ilicitamente. A Agência de Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations – HSI) da Embaixada dos Estados Unidos em Brasília compartilhou informações e colaborou com a Polícia Federal do Brasil ao longo da Operação Yankee, como parte da cooperação policial de longa data entre autoridades norte-americanas e brasileiras. A Polícia Federal analisou as contas bancárias da organização, verificando uma movimentação superior a R$ 16.500.000,00 entre 2017 e 2021, dinheiro decorrente dos pagamentos dos migrantes pela atuação do grupo criminoso. A Justiça autorizou a inclusão dos mandados de prisão na Difusão Vermelha da Interpol visando o cumprimento também nos Estados Unidos, além do bloqueio de R$ 8.225.201,27. Foram apreendidos dispositivos eletrônicos, documentos, bens de valor e armas de fogo, que serão periciados pelo Setor Técnico-Científico da Polícia Federal, podendo ainda revelar outros crimes praticados pela organização criminosa. A prisão de um dos líderes da organização foi acompanhada por agentes da Homeland Security Investigations – HSI, contando com o apoio de transporte aéreo do Grupo de Operações Aéreas do Corpo De Bombeiros Militar de Rondônia para o cumprimento do mandado em local de difícil acesso, e de apoio logístico das Polícias Civis de Rondônia e do Amazonas. Até o momento foram identificadas 444 vítimas de contrabando de pessoas no período compreendido entre 2019 e 2022, podendo esse número subir de forma significativa com a análise dos materiais apreendidos. Os suspeitos ficarão à disposição da Justiça Federal e responderão pelos crimes de organização criminosa, contrabando de migrantes e lavagem de dinheiro, cujas penas somadas podem ultrapassar 23 anos de reclusão. Yankee, nome dado à operação, é uma palavra do idioma inglês, usada para descrever uma pessoa estadunidense ou que reside em Nova Inglaterra ou, mais amplamente, dos estados do norte em geral, objetivo de muitos migrantes ilegais. Investigação Conforme a PF, os membros da organização são investigados pelos crimes de organização criminosa, contrabando de migrantes e lavagem de dinheiro. Ainda segundo a corporação, a investigação começou em junho de 2021. Na ocasião, o Oficialato de Ligação da Polícia Federal em El Paso no Texas (EUA) identificou brasileiros vinculados ao Estado de Rondônia em esquema ilícito de contrabando de pessoas com destino aos Estados Unidos. As informações foram enviadas para a Polícia Federal em Rondônia que passou a monitorar os alvos e uma empresa aérea pertencente ao grupo. A empresa era usada na logística de emissão de passaporte, compra de passagens, além do auxílio nos voos dos migrantes ao México, em seguida os imigrantes atravessaram a fronteira a pé para os Estados Unidos. Além disso, a organização criminosa contava com membros em outros estados brasileiros e, inclusive, em território americano, responsáveis por receber as pessoas que conseguiam cruzar as fronteiras de forma ilegal. Ainda conforme a PF, ao decorrer da investigação, os agentes identificaram centenas de rondonienses que chegaram aos EUA com apoio de “coiotes”. Por outro lado, alguns rondonienses fizeram o pagamento dos valores cobrados, mas não conseguiram cruzar a fronteira do México com os Estados Unidos, sendo detidos e deportados para o Brasil. Brasileira morre de sede e fome no deserto Em setembro de 2021, uma rondoniense de 49 anos, morreu durante a travessia após ter sido abandonada pelos “coiotes”. A técnica de enfermagem Lenilda dos Santos, tinha o sonho de morar nos Estados Unidos e para isso tentou cruzar a fronteira do país ilegalmente. A tentativa, porém, não foi bem sucedida, e ela acabou morrendo de sede e fome no deserto do Novo México, onde os termômetros chegam aos 40°C nesta época do ano. Em dezembro do mesmo ano, outro caso chocou as autoridades brasileiras. Uma brasileira foi resgatada após ter sido deixada à beira da morte por um grupo de coiotes, que a atacaram, roubaram e violentaram. Por Redação / DIÁRIO DA AMAZÔNIA]]>