Por ABJ Enchentes paralisaram indústrias, destruíram estruturas e mataram animais. As enchentes e chuvas intensas provocadas pelo ciclone extratropical que ocorreu no início do mês no Rio Grande do Sul geraram um prejuízo de mais de R$ 300 milhões às indústrias locais de aves e suínos. O valor leva em conta estimativas divulgadas pelos sindicatos locais desses setores. Segundo a Defesa Civil do RS, já são 47 o número de mortes causadas pela passagem do ciclone no RS. Ainda existem oito pessoas desaparecidas. No total, 20.517 pessoas estão desalojadas e 4.794 desabrigadas, em 97 municípios afetados. A área mais atingida pelas chuvas, o Vale do Rio Taquari, representa em torno de 20% da produção gaúcha de aves e suínos. Apenas as indústrias avícolas da região estimam perdas de R$ 220 milhões, de acordo com a Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs). Os prejuízos estão atrelados a estruturas, aviários, mortalidade de animais, genética, logística, danos elétricos, máquinas, equipamentos e mercado. Segundo a Asgav, seis indústrias da região, responsáveis por 21% da produção avícola do RS, sofreram danos devido ao evento climático. “Não foi uma enchente, foi uma catástrofe”, conta Milton Stahl dos Santos, diretor da Granja Avícola Bom Frango, de Venâncio Aires. Dentro do frigorífico, segundo o empresário, as águas chegaram a 1,20m acima do nível do solo. Segundo Santos, as perdas da empresa somam cerca de R$ 6 milhões, entre produtos e equipamentos perdidos e negócios não realizados devido à paralisação de atividades. “Perdemos tudo o que produzimos no dia 4 de setembro, e ficamos parados até esta segunda-feira (11/9)”, informa. A indústria possui capacidade de abate de 25 mil a 30 mil aves por dia. A Minuano Alimentos também parou as atividades em sua unidade no município de Arroio do Meio. A planta, que tem capacidade de produção de 2.300 toneladas mensais e conta com 380 funcionários diretos, foi atingida pela cheia do Rio Taquari no início da semana passada, e sofreu danos em equipamentos, estruturas e refrigeração, entre outros pontos. “Tivemos grande descarte de produtos armazenados, insumos e matéria primas. Além disso, estamos sem produção há uma semana, deixando nossos clientes e mercados onde atuamos desabastecidos e sem gerar faturamento para a empresa”, explica Margareth Schacht Herrmann, diretora industrial da Companhia Minuano de Alimentos. A empresa ainda não possui uma estimativa de valor de prejuízos, mas, segundo Margareth, foram elevados. De acordo com a Asgav, as indústrias e os produtores afetados ainda estão apurando os prejuízos de forma mais detalhada. Porém, ainda são necessárias diversas avaliações mais técnicas de equipamentos, maquinário e estruturas. “Precisamos de apoio de linhas de crédito emergenciais e recursos de fundos garantidores para que as empresas possam se recuperar”, afirma José Eduardo dos Santos, presidente da Asgav/Sipargs. Nesta terça-feira (12/9), o dirigente reuniu-se com representantes das empresas afetadas para discutir auxílio junto aos governos federal e estadual. Suínos Já a cadeia de suínos estima perdas superiores a R$ 80 milhões com os efeitos do ciclone extratropical, segundo informações do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Rio Grande do Sul (Sips). Na região do Vale do Taquari, existem três grandes plantas de produtos suínos, responsáveis por 20% da produção gaúcha do setor, de acordo com a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs). A mais afetada foi a planta da Dália Alimentos, em Encantado. Com capacidade de processamento de 2 mil suínos por dia, a indústria está com as operações de produção, recebimento de animais e abates totalmente paralisadas e pode permanecer assim por um mês, segundo Rogério Kerber, diretor executivo do Sips e presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal do RS (Fundesa). Os suínos que seriam abatidos pela Dália estão sendo vendidos para outras empresas. Em relação aos criadores, segundo Kerber, o prejuízo está se revelando menor do que o esperado inicialmente. “As principais perdas aconteceram em criatórios mais antigos, sem vinculação com o sistema integrado e que não obedecem novas normas ambientais que exigem que as pocilgas estejam instaladas longe de cursos hídricos”, explica o dirigente do Sips. De acordo com o presidente da Acsurs, Valdecir Folador, há perdas confirmadas em uma granja com criação comercial localizada em Roca Sales, onde havia de 300 a 500 suínos, que foram levados pelas águas do Rio Taquari. A estrutura do local do local também foi destruída. Em outra granja, no município de Colinas, uma granja com capacidade de 2 mil leitões foi destruída. No entanto, os animais haviam sido transferidos para completar o ciclo de criação em outro local na semana anterior. Folador estima que a soma das perdas das duas granjas seja entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões. No entanto, para o presidente da Acsurs, o maior prejuízo para o setor é a paralisação de atividades do frigorífico da Dália Alimentos. “Sem produção, os animais demoram mais para sair do campo, precisam ser alimentados e, ao mesmo tempo, a entrega de ração também é prejudicada. Com o frigorífico sem trabalho, a roda não gira, o produtor não entrega e não recebe renda”, afirma. Auxílio Um levantamento preliminar realizado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RS) aponta que 10.787 propriedades rurais de 50 municípios foram afetadas pelas chuvas e enchentes. No domingo (10/9), o presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, anunciou que o governo federal irá disponibilizar R$ 741 milhões em ajuda para as cidades afetadas pelo ciclone no RS. Desse montante, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social e Ministério do Desenvolvimento Agrário irão aplicar R$ 125 milhões através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Além disso, o governo do Estado do RS anunciou R$ 1 bilhão em linhas especiais de crédito do Banrisul e R$ 20 milhões em repasses extraordinários do Estado para a área da saúde nos municípios afetados. Serão ofertados R$ 300 milhões via Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) para o financiamento de tratores, construção, reformas, máquinas, implementos, sistemas produtivos e infraestrutura, entre outros. As condições especiais incluem prazo de pagamento de até dez anos, três anos de carência e taxas equalizadas. FONTE: https://globorural.]]>