Por Felipe Corona
Na contramão
Aquele “Leozinho” paz, amor e que economizava o dinheiro público, ficou na campanha eleitoral do ano passado. Léo Moraes (Podemos), prefeito de Porto Velho, acredita que não há limite no céu e nem com o gasto envolvendo o dinheiro da população. Nesta semana, ele sancionou as Leis 1.010/2025 e 1.011/2025.
Na contramão 2
Ele (com o aval da Câmara de Vereadores, cuja maioria tem na mão e no bolso) criou novos cargos comissionados e aumentou os salários dos servidores de confiança do Instituto de Previdência e Assistência Municipal (IPAM) e da Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano (Emdur). E o tamanho do rombo impressiona muito.
Na contramão 3
Com a restruturação, o “quase falido” IPAM contará com 95 comissionados com custo mensal de R$ 612.715,72 e a Emdur (com outros 67 comissionados) ao custo de R$ 439.008,52 mensais. Por ano, contando apenas com o décimo terceiro, essas 162 pessoas escolhidas pelo prefeito e dois de seus secretários pelo critério de “livre nomeação e exoneração” ganharão R$ 13.672.414,99.
Riqueza
Na Emdur, os diretores (inclusive o novo cargo criado de diretor de Compliance) vão custar ao município mais de R$ 1,2 milhões por ano. O dirigente ainda terá a liberdade de indicar 17 assessores, a maioria com Ensino Médio, para receber R$ 7.182,75 mensais.
Riqueza 2
O prefeito ainda deu à Emdur outros 4 cargos de R$ 7.182,75, e apenas um destes novos é exigido o diploma de nível superior na área de Direito, que é o gerente de Parcerias Públicos Privados e Terceiro Setor. A Lei sancionada também prevê a criação do cargo de diretor de Compliance com salário semelhante ao secretário adjunto no valor de R$ 23.354,00.
Riqueza 3
A Emdur também ganhou um gerente de Compliance e uma secretária da Diretoria de Compliance. A empresa já conta em seus quadros com assessor de Controle Interno com nível superior, que na prática deveria fazer as mesmas funções do Compliance. A nova Lei também criou despesas no valor de R$ 124.979,85 com funções gratificadas.
Rombo maior
O IPAM, que foi alvo de reclamações de Léo contra o ex-prefeito Hildon Chaves, também vai ter novos “assessores” e afins. A folha mensal do instituto pulou para R$ 612.715,71 com salários que vão de R$ 27.807,73 a R$ 1.518,00. O diretor-presidente tem a sua disposição 30 cargos de R$ 3.363,63; outros 10 cargos de R$ 8.244,21; e mais 5 cargos de R$ 12.022,81.
Rombo maior 2
A farra com o dinheiro público segue para outros setores do instituto: o cargo de auditor de Assistência à Saúde pulou de 6 para 9. Foram criadas 6 funções gratificadas de R$ 600,00 e outras 8 funções de R$ 9.552,00 que serão lotadas na Procuradoria do IPAM.
Desculpa esfarrapada
Em nota, o prefeito Léo Moraes diz que as mudanças foram necessárias para dar agilidade aos serviços da Emdur e do IPAM. A Câmara de Vereadores aprovou as duas matérias e apenas os vereadores Ellis Regina (União Brasil), Marcos Combate (Agir), Nilton Souza (PSDB) e Devanildo Santana (PRD) votaram contra.
Quietinhos
Sofia Andrade (PL) preferiu ir a Brasília nos protestos de anistia do 08/01 e supostamente “perdeu” as votações, já que poderia participar por vídeochamada. O restante dos vereadores sequer discutiu os projetos, que foram aprovados com os altíssimos novos vencimentos dos dois órgãos municipais. Isso vai resultar em mais rombo nas finanças e agrados para aliados e indicados de vereadores.
Mais gastança
Houve mais uma denúncia também feita na semana da gastança com novos cargos comissionados: o contrato nº 22/PMG/25, firmado com a empresa Plator Engenharia e Meio Ambiente Ltda, no valor de mais de R$ 35 milhões.
Mais gastança 2
Uma nota divulgada no site institucional da própria prefeitura classifica a divulgação como “fake news”, mas não responde os questionamentos do Ministério Público e do Tribunal de Contas (Procedimento nº 2025000101236511), deixando dúvidas ainda mais gritantes.
Mais gastança 3
A nota da prefeitura só reforça pontos genéricos sobre a legalidade da “carona” à ata de registro de preços, a ausência de pagamentos até o momento e o “zelo com o dinheiro público”. No entanto, ignora questões que motivaram a investigação dos órgãos de controle, como a urgência atípica no trâmite da contratação e a retirada do processo do sistema eletrônico de compras (ETCDF).
Mais gastança 4
Este último fato foi respaldado pelo secretário Antônio Prata (Semesc) e o empenho imediato de R$ 8 milhões à empresa. A nota ainda confirma, mesmo que indiretamente, a denúncia ao informar que documentos foram encaminhados ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas. Ou seja: o próprio Executivo reconhece que há investigação formal em andamento, contraponto à indicação de “fake news” dada à apuração e divulgação da imprensa.
Sem explicação
A gestão de Léo Moraes ficou “quietinha” em vários fatos sem explicação. Logo após a criação de 155 novos cargos técnicos (entre engenheiros e arquitetos), a prefeitura optou por ignorar sua própria estrutura e aderir à ata do Consórcio Cidrus, com sede em Candeias (MG), cidade com menos de 15 mil habitantes, para contratar a Plator.
Sem explicação 2
A decisão, aparentemente tomada sem análise comparativa ou justificativa plausível, foi seguida de um processo relâmpago que culminou no empenho milionário no mesmo dia em que o contrato foi assinado: os 8 milhões de reais citados em tópico anterior.
Sem explicação 3
Havia muito interesse para fechar logo o contrato com a Plator. Documentos indicam que havia forte pressão de integrantes do alto escalão da Prefeitura (especialmente de secretários próximos a Léo e titulares de setores importantes) para que o contrato fosse finalizado e empenhado com urgência, mesmo com a existência de 80 engenheiros na administração municipal.
Sem explicação 4
Outro ponto “obscuro” é a planilha de projetos apresentada pela Plator, que incluiria obras já concluídas e entregues pela própria gestão de Léo Moraes, levantando dúvidas sobre a real necessidade e a probidade do contrato.
De olho
Enquanto a prefeitura faz oba-oba nas redes sociais, desqualifica o trabalho da imprensa e tenta desviar o foco de mais uma denúncia séria, o bambu segue gemendo: há (mais) um contrato milionário sob investigação formal do MPC e TCE/RO, processos administrativos fora da normalidade e decisões que desafiam a lógica administrativa e legal.
Cadê?
Eu gostaria de perguntar para Léo e seus aliados: onde está aquele deputado federal que batia no peito e dizia que abriu mão das mordomias em Brasília (DF) como auxílio-transporte, auxílio-moradia, que andava de Uber pela capital federal, etc, etc. Será que ele foi picado pela mosca azul da ostentação?
Cadê 2
Aproveito também para reforçar a pergunta: cadê aquele Léo da campanha que dizia que acabou com dezenas de taxas para respeitar a população e seu dinheiro público, para deixar que sobrasse para um material escolar, a compra de um remédio??? Agora, com a grana em maior quantidade, acabou a economia? A farra está solta para agradar aliados, indicados e os vereadores aliados?
Cadê 3
Léo parece que deixou a coligação com o povo que o elegeu para estar coligado apenas com a gastança exagerada do dinheiro público (que é bem difícil, tanto para pagar quanto para arrecadar). As grandes obras estão em segundo plano e só se veem contratações emergenciais e criação de novos cargos comissionados com salários altíssimos… Parece que ele enganou direitinho hein???

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