Sobrevoo na região da Amacro (Amazonas, Acre e Rondônia), em uma área com cerca de 8.000 hectares de desmatamento – a maior em 2022 – que está queimando há dias. — Foto: © Nilmar Lage | Greenpeace | Divulgação[/caption]
PORTO VELHO – É muita retórica. Entra governo, saí governo, muda-se o discurso e as intenções, mas uma coisa parece permanente desde os anos 1970 nestas paragens: o avanço do desmatamento sobre a floresta. É um fenômeno que não tem ideologia nem cor partidária. Estudos do Instituto do Homem do Meio Ambiente mostra que o avanço de homens, máquinas e fogo continua suas ações cotidianas e em ritmo cada vez mais acelerado. E não poupa nem as chamadas unidades de conservação, áreas oficialmente delimitadas para reservar um pouco do que ainda nos resta do verde às gerações futuras.
Rondônia perdeu uma área equivalente a 2,2 mil hectares de floresta nativa em março de 2023. O desmatamento é 450% maior do que a quantidade registrada no mesmo período do último ano, segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Entre os nove estados da Amazônia Legal, Rondônia teve o segundo maior aumento na destruição da floresta, atrás somente do Amazonas, onde o desmatamento calculado foi 766% maior.
Unidades de Conservação
Outro dado negativo no estado é com relação às Unidades de Conservação: dentre as 10 mais desmatadas de toda Amazônia Legal, quatro estão localizadas em Rondônia.
No total, as Unidades de Conservação do estado perderam uma área correspondente a 370 campos de futebol. São elas:
- Reserva Extrativista Jaci Paraná: com 200 hectares destruídos;
- Reserva Extrativista Rio Preto-Jacundá: com 100 hectares destruídos;
- Parque Estadual de Guajará-Mirim: perdeu 40 hectares de floresta;
- Reserva Extrativista Angelim: perdeu 30 hectares de floresta.
Em 2021, uma lei de autoria do governo de Rondônia, que estabelecia a redução de 80% da Resex e 22% do Parque Estadual, foi aprovada na Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE-RO). A norma foi declarada inconstitucional em novembro de 2021.
Em fevereiro deste ano, a ALE-RO informou que ingressou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar derrubar a inconstitucionalidade da lei que alterou os limites das Unidades de Conservação.
[caption id="attachment_466256" align="aligncenter" width="640"] Desmatamento no parque estadual Guajará-Mirim — Foto: PM-RO/Divulgação[/caption]Desmatamento na Amazônia Legal
Segundo os dados do Imazon, a Amazônia Legal perdeu 867 km² de mata nativa nos três primeiros meses de 2023. Essa é a segunda maior marca de desmatamento da área em 16 anos. A primeira foi registrada em 2021, quando foram derrubados 1.185 km² de floresta de janeiro a março.
Apenas em março de 2023, a destruição foi de 344 km²: um aumento de 180% com relação ao mesmo período de 2022. Os estados mais desmatados – por ordem do maior para menor – são:
- Amazonas: 30%
- Pará: 27%
- Mato Grosso: 25%
- Roraima: 8%
- Rondônia: 6%
- Maranhão: 3%
- Acre: 1%