Lançando Olhar a Estibordo – Brasil – sonhos à deriva – Por Geraldo Gabliel

Lançando Olhar a Estibordo

Brasil – sonhos à deriva

Por Geraldo Gabliel

GERRY LATINUS SAPIENS

QG Amazon Forest RM/RO

11º42’19”S 61º46’39”W

Pessoa, eu sei, não era capitão nas frotas de Cabral, nem navegador no sentido literal de pilotar uma nau, aliás, tendo vivido de 1888 a 1935, o que nos restava então, nessa época, era a história das navegações e aventuras dos portugueses em “mares bravios”.. e o tal “Descobrimento do Brasil”. E as caravelas? – já ancoravam na memória do sonhador de além-mar.

Geh Latinus, por um lapso de memória, quase se esquece que a Crônica desta pós-Páscoa, e pré Dia do Trabalhador, não seria exatamente para falar de poetas e navegações: Caravelas, Galeões, Fragatas… Este tema é tentador, pois este cronista é poeta e navega no cotidiano social e político com o sentimento, forte sentimento de que o seu país – Pátria Amada – navega à deriva em mar hostil. Talvez tenha sido neste sentido que Fernando Pessoa declara:

“Navegar é preciso, viver não é preciso”

Que o diga Pompeu – grande general – proeminente líder militar e político romano – foi ele quem inspirou Pessoa nesta declaração. Cneu Pompeu Magno, conhecido por suas campanhas militares, incluindo a repressão de rebeliões na Península Ibérica e a derrota dos piratas do Mediterrâneo.

Houve um tempo em que os homens eram valentes na conquista e domínio de seus territórios, nações, povos, línguas… Inclusive o papado. Aliás, o Vaticano está de luto, em breve vai eleger um novo rei…

Navegando, como a gente faz hoje na Internet, nota-se que o sentido do navegar de Pompeu e “o navegar” de Pessoa são, no mínimo diverventes,  aparentemente contraditórios. Pompeu foi bem literal; um alerta, aos seus marinheiros, para a necessidade de navegar em meio a perigos e tempestades, mesmo que a vida estivesse em risco. Enquanto isso, Pessoa – o poeta e escritor lusitano com múltiplos pseudônimos – se referia a “preciso” como uma metáfora para a necessidade de criar, explorar e transcender a rotina da vida cotidiana – no sentido de afã pela vida e o bom viver…

Pessoa não se refere apenas ao ato de navegar, como viajar em um barco, mas sim ao ato de aventurar-se, de buscar novas experiências e perspectivas, de não se conformar com a situação presente. A vida, para ele, não é um fim em si mesmo, mas um meio para a realização de algo maior. (Overview).

Pensando em Brasil, falando aqui com os seus botões, Geh Latinus, faz uma analogia quanto a posição em que o navegador ocupa no barco e a direção que ele, com o controle do timão (não o Corinthians) conduz o Barco-Continente de sua Pátria:

“Estou a bordo do navio e vejo a luz verde a estibordo” – (o que significa que a pessoa está dentro do navio e está a observar a luz verde, que indica o lado direito da embarcação). Demos uma guinada à Direita!” – Pois com o Gigante à deriva, “navegar não é preciso”. Não sejamos peripatéticos…

De repente, o cronista, recobrando a memória, lembra que a crônica de hoje se propõe a apresentar uma sinopse de 7 cartas de outros 7 amigos, gente como a gente, brazucas de nascença, mas que, por algum motivo foram viver noutras paragens overseas. Seus relatos dizem muito sobre “navegar em outras águas” – ou quem sabe? para alguns foi um “pular do barco à deriva”:

1º Amigo: Suzuki Soejima – lá do Japão – Issei, Nissei, Sansei ou Yonsei¹? – Não sei! Penso que ele é um “dekassegui” (出稼ぎ). Nas suas correspondências ele se identifica como ホトリゲスエデバルドビトル, entendeu? Nem eu! Haja inteligência para interpretar a escrita japonesa! hiragana, katakana e, kanji (escrita ideográfica, tem 2.000 caracteres usados no dia a dia):

– Vou contar pra vocês por que os Kamikases usavam capacete na II Guerra Mundial. Ensinar a quem quiser a fazer um sashimi de carne de cavalo crua (não sei se dá pra fazer de carne de burro velho). E, finalmente, e não somente, é que, aqui no Japão, se alguém atentar contra a sua própria vida se atirando no trilho do trem-bala, o japonês, prejudicado pelo atraso do trem, ou metrô, cobra uma “taxa de interrupção” da família do falecido.

2ª Amiga: Fernanda Panucci – Turistando na Argentina – La tierra de los hermanos! Sentindo-se a própria Evita Perón, cantarolando, como Madonna “Don’t Cry For Me Argentina (No Llores por mim Argentina), ainda que, em seu coração, o domínio é Dorama:

– Estive a um passo da Terra do Fogo, sem me queimar. Alguém me disse por lá que, se eu não entendesse o portenho, eu ia “pasar la fruta”… me preocupei, eu não queria passar nada! E, pela tarde, tirar “la siesta”. Quê?!

3º Amigo – Anselmo, da Angola, em Portugal – fã do Brasil. Saboreando um dióspiro, na escadaria do Benfica (ou era no Colombo Shopping Centre) de Lisboa:

– O Cão, navegador, desembarcou na Angola em 1842, 18 anos antes dos outros portugueses chegarem ao Brasil. Somos 30 milhões de pessoas na Angola, falamos mais de 20 línguas diferentes (Kimbundu, Umbundu, Ngnaguela, Kwanyama, dentre outras), além do português – ainda assim, nos entendemos muito bem. Escravidão: aconteceu! dos 10 milhões de africanos escravizados no Novo Mundo, 5 milhões foram capturados na Angola – sendo um grande número de pessoas, a maioria, destinadas ao degredo no Brasil. (Será que continuam sendo escravos?).

4ª Amiga – Evileuza – Chile. Tão bela quanto a beleza da lua em noite de Lua Cheia. Traquina, som um sorriso maroto. Anda por lá espalhando beleza e charme a quem se atreva a visitar o seu “Taller de Beleza”:

– A lua é nossa, garantem os chilenos – nós a compramos. Sabem sobre aquele deserto florido – sim, aqui temos uma lei que proíbe a dança no Deserto do Atacama. Se você se casar entre as flores do deserto, terá de ser sem “Cueca”… E, quando você vir me visitar, eu lhe convido para la Once ( 11). Não se atrase, pois, espero por você, pontualmente, à noitinha.

5ª Amiga – Elida – USA. Pensem numa menina esperta: dá nó nos neurônios de Einstein. Um dia destes dava uma conferência sobre o Universo Quântico uma matilha de gatos. Matilha de gatos?… Isso mesmo. Com esta onda de transgenia da geração woke, já não se sabe mais o que é gato, ou lebre. (Pois é, aprendi no primário que matilha é o coletivo de cachorro e lobo… bicho mesmo, gente não):

– Americanos têm, em suas casas, um dispositivo triturador nas pias da cozinha, e isso lhes facilita o descarte dos restos de alimentos ao lavar a louça do brunch. Falando em comida, aqui na América, nossa culinária é uma arte – importada – além dos hambúrgueres, lhes oferecemos uma gama de sabores Tex-Mex e Asiáticos – mas aqui não engolimos cobras (nós as destruímos no voto).

6º Amigo – Quintino –  Portugal. Esta semana, vi que o amigo pilotava um touro, fazia uma limpeza clínica num galpão depósito de alimentos. Entendi que era uma espécie de assepsia contra alguns micro-organismos letais de uma nova pandemia que se anuncia na Europa. E o medo da injeção, se ficar enfermo? Vai que alguém confunda as coisas…

– Aqui, na Terra de Camões, especialmente na capital Lisboeta, ocorreu um fato profético: 0 Terramoto de Lisboa em 1755, que abalou, e quase destruiu, toda  a nossa cidade. E este acontecimento está relacionado na escatologia bíblica, inclusive, com a escolha da liderança religiosa e política do mundo em seus últimos dias. Estou a viver neste sítio há 20 anos, mas temo que haja outro abalo sísmico por aqui e nos coloque a vida em risco – no momento, os abalos que nos afligem são o vento das mentiras e enganos políticos da comunidade…

P.S.: – Só não me perguntem como se diz em português -“tomar uma vacina no bumbum”. Obrigado! (Será que é isso que acontece no Brasil?)

Não posso falar mal dos portugueses, porque sou um deles. Minha genealogia está repleta de primos e avós… mas: – Senhores. Onde está o nosso ouro?

7º Amigo – Efrain – Peru. A gente se entende, desde que, por gentileza, não me fale em Quechua ou Aymara (não tenho DNA Inca). Efraim e sua esposa passeavam em Portugal e Espanha quando tivemos a oportunidade de nos conhecer e comer um Kebab numa Taberna Indiana. É claro que eu não teria comido um Ceviche ou Lomo Saltado – não me apetece. Que nos conta Efrain:

– Compartilhamos a Amazônia com outros 9 países da América do Sul, inclusive o Brasil. A Amazônia Peruana é vasta e diversa, com fauna e flora riquíssimas, que podem ser muito diferentes da Amazônia brasileira. Será que temos petróleo e terras raras (minérios) nesta área da Floresta? Falando em grandeza, o rio Apurimac – originário do degelo glacial no alto dos picos andinos –  é considerado a nascente primária do imenso Rio Amazonas.  E aqui em nosso país, ninguém sacrifica o peru no Natal…

E eu, que pensei, não associar tantas informações com a Geopolítica… não tem como esquecer: Meu País está à deriva! Nem o Papa pode… Livra-nos Senhor!

¹https://coisasdojapao.com/2021/02/a-diferenca-de-issei-nissei-sansei-e-yonsei-e-como-cada-um-faz-para-conseguir-visto-japones/

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