A Abin, a Agência Brasileira de Inteligência, operou um programa secreto para monitorar a localização de cidadãos em todo o país usando seus telefones celulares durante os primeiros três anos do antigo governo Jair Bolsonaro (PL). O programa, chamado “FirstMile”, permitia que os agentes rastreassem até 10 mil movimentos de proprietários de telefones a cada 12 meses simplesmente digitando seus números de telefone no software, permitindo que eles vissem sua última localização conhecida em um mapa. A tecnologia, adquirida por R$ 5,7 milhões sem licitação em 2018, foi desenvolvida pela empresa israelense Cognyte e permitiu à agência identificar a localização aproximada de aparelhos que utilizam redes 2G, 3G e 4G. O programa gerou questionamentos internos entre os associados da Abin, pois a agência não tinha autorização legal para acessar dados privados, o que gerou uma investigação interna. A polêmica sobre o uso da ferramenta gerou questionamentos internos sobre os critérios de uso e a legitimidade da tecnologia de espionagem. A agência não comentou as acusações. O uso da ferramenta também levanta preocupações sobre violações de direitos de privacidade.