
Os custos com material escolar continuam a pressionar o orçamento familiar de milhões de brasileiros. Em 2024, as despesas com itens escolares somaram R$ 49,3 bilhões, representando um aumento de 43,7% em comparação a 2021, quando o valor era de R$ 34,3 bilhões. Esse crescimento reflete uma combinação de fatores econômicos e sociais, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva em parceria com a QuestionPro.
O estudo apontou que 85% das famílias com filhos em idade escolar sentem o impacto financeiro das compras de materiais para o ano letivo. Dentre os entrevistados, 38% relataram um impacto significativo no orçamento, enquanto 47% afirmaram sentir algum peso. Apenas 15% disseram que essas despesas não afetam suas finanças.
As famílias da classe C são as mais afetadas, com 95% relatando impacto no orçamento. Entre essas, 39% afirmaram que recorrerão ao parcelamento para lidar com os gastos, enquanto na classe B a maioria (71%) pretende pagar à vista.
A pesquisa revelou que 87% das famílias planejam adquirir materiais escolares solicitados pelas escolas, enquanto 72% devem comprar uniformes e 71%, livros didáticos. Essa demanda é registrada tanto entre alunos de escolas públicas quanto privadas, com 90% dos responsáveis por alunos da rede pública e 96% da rede privada prevendo compras.
Por que os custos aumentaram? Os aumentos nos custos são atribuídos a fatores como inflação, elevação dos custos de produção e flutuações no dólar, que impactam os preços de itens importados como mochilas e estojos. Segundo a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE), os preços devem crescer de 5% a 9% em 2025.
“Boa parte dos itens da lista escolar é importada, e os custos de frete marítimo e câmbio elevado impactam diretamente os preços finais”, explicou Sidnei Bergamaschi, presidente da ABFIAE.
INICIATIVAS PARA REDUZIR O PESO ECONÔMICO
A ABFIAE defende a criação e ampliação de programas como o Programa Material Escolar, que oferece crédito a estudantes da rede pública para compra de materiais. Exemplos de sucesso incluem iniciativas no Distrito Federal e municípios como São Paulo e Foz do Iguaçu, que têm ajudado as famílias a acessar materiais essenciais.
Além disso, a associação reforça a necessidade de redução de impostos sobre produtos escolares, que podem representar até 50% do preço final de alguns itens. Na recente reforma tributária, foi solicitado que esses produtos fossem incluídos em categorias de alíquota reduzida para aliviar os custos.
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA 2025
Com os preços em alta, muitas famílias precisam buscar alternativas, como recorrer a crédito ou ajustar outras despesas. Especialistas destacam a importância de planejamento financeiro e priorização de itens essenciais na lista de materiais.
“Cada família encontra sua forma de adaptação, mas o peso dessas despesas é inegável. O parcelamento é uma saída para alguns, enquanto outros precisam sacrificar poupanças ou outras despesas do orçamento doméstico”, concluiu João Paulo Cunha, diretor de Pesquisa do Instituto Locomotiva.
Diante desse cenário, programas de apoio e políticas públicas voltadas à educação são cada vez mais importantes para garantir que todos os estudantes tenham acesso aos materiais necessários para o aprendizado.