Baixaria
Infelizmente, não vamos falar do delicioso prato da iguaria nortista, que usa cuscuz, carne moída, ovos fritos e verduras, como tomate e cheiro verde. Mas do quebra-pau que movimentou o Legislativo e o Executivo de Porto Velho nesta semana. Três vereadores se juntaram para revelar as “cag#das” que o prefeito Léo Moraes (Podemos) teria cometido ao negociar com eles.
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O primeiro a fazer a expor a inabilidade e a fraqueza de Léo em lidar com a frágil base aliada que tem, foi o vereador Marcos Combate (Agir), que primeiro foi às redes sociais, e depois reforçou na tribuna da sessão ordinária da última segunda-feira (05): “Fui convidado pela SGG [de Oscar Netto] para indicar técnicos à gestão, mas depois que comecei a fiscalizar, todos foram exonerados”.
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Ele seguiu no Instagram: “Hoje [na segunda, 05] recebi a proposta: só recontratam se eu subir à tribuna e mentir dizendo que fui convidado por Hildon Chaves para ser oposição. Não aceito chantagem. Meu mandato é do povo, não de gabinete”.
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Marcos foi além com o “exposed” da gestão na tribuna da Câmara: “Mandei um requerimento para saber sobre a contratação de lancheiras na Educação por meio de adesão a ata de registro de preço. Analisando esse contrato, percebi que estava superfaturado, e fiz uma recomendação para não fazer a contratação”, disse Combate ao referir-se a compra de R$ 2 milhões em lancheiras através de carona em ata de registro de preço.
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Fora esse caso das lancheiras, outro requerimento que causou desconforto na atual gestão foi o pedido de informações sobre contratação de empresa de engenharia, no valor de R$ 35 milhões, mesmo com o município tendo 80 técnicos entre engenheiros e arquitetos em seus quadros. “Por causa desses requerimentos, o Executivo exonerou todas as pessoas indicadas”, explicou Combate.
Revolta
Outro que “meteu a boca no trombone” foi Devanildo Santana (PRD), que também sofre com as retaliações da gestão de Léo Moraes. “Não vou me calar. Não é com ameaça e exonerações, mentiras na internet, no boca a boca, que vão apagar minha vontade de trabalhar. Não vou fingir que está tudo certo, quando não está”, disse Santana.
Revolta 2
Nas redes sociais, segundo Santana está tudo ok, mas a realidade é bem diferente. De acordo com o vereador, escrituras públicas entregues recentemente foram feitas na gestão do ex-prefeito Hildon Chaves, mas o atual prefeito ficou “quietinho”. “Não dava tempo em 100 dias de fazer essas 1.100 escrituras”, denunciou o parlamentar.
Revolta 3
Nilton Souza (PSDB) também falou sobre o descaso com a saúde, com superlotação das unidades de atendimento, falta de médicos e técnicos desvalorizados, trabalhando 12 horas para ganhar R$ 80,00. “Mas estão enviando projetos que oneram ainda mais os cofres públicos”, disse Nilton, concordando com Combate e Santana.
Revolta 4
As mensagens criando supersalários no quase falido IPAM (Instituto de Previdência e Assistência Municipal), elevados “jetons” (gratificações) na Emdur (Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano) e recriando a Agência Reguladora de Serviços Públicos de Porto Velho (ARPVH), ente jurídico que o próprio Léo Moraes extinguiu no início de sua administração, chegaram à Câmara na terça-feira (06) e a confusão foi ainda pior.
Revolta 5
O único projeto aprovado que interessa a população foi aquele que criou a Guarda Municipal Armada. O novo órgão de segurança pública “nasceu” com 500 vagas e salários de mais de 8 mil reais. Muito justo e vai dar uma bela ajuda às polícias em Porto Velho, que ainda segue violenta.
Caladinha
A defensora da moral, dos bons costumes e aquela que não acredita que houve ditadura no Brasil, Sofia Andrade (PL), teria sumido da votação que recriava a agência reguladora, a reestruturação da Emdur e de outros projetos que fazem a máquina pública ficar mais pesada e com mais gastos para os já limitados cofres da prefeitura.
Caladinha 2
Ela batia no peito e dizia que faria uma oposição responsável, que era defensora do povo e crítica da velha política. De acordo com pessoas que trabalham na sede da própria prefeitura, disseram à coluna que a ausência dela foi “friamente calculada”, como dizia Chapolin Colorado. Ela preferiu viajar do que encarar a opinião pública. Uma omissão aliada com muita hipocrisia política.
Grana
Mas, o que atrai tanto interesse dos vereadores e demais agregados quando se fala em novas estruturas? Pelo menos quase R$ 50 milhões por ano em novos cargos, incluindo: criação de diretoria na Emdur, com salário de R$ 13 mil/mês; recriação da Agência Reguladora, extinta no início da gestão (com supersalários) e reestruturação salarial do IPAM, mesmo quase falido.
Grana 2
Léo Moraes, que se dizia coligado com o povo, está caindo em contradição, com aparelhamento da máquina pública e projetos que podem complicar a saúde financeira (já delicada) da própria prefeitura. O agora prefeito, que na campanha e antes dela, construiu uma imagem onde atacava supostos abusos, repete literalmente e aumenta os malefícios que apontava.
Grana 3
Já disse aqui e repito: não tem problema nenhum em criar ou aceitar cargos. Desde que isso seja feito de forma responsável e clara, sem falso moralismo ou hipocrisia. Até o momento, o que Léo e Sofia Andrade estão fazendo é o bom e velho jogo político, onde o discurso para o povo é apenas um falseamento das verdadeiras intenções, que é mais poder (e grana no final das contas).
Riscos
Segundo alguns vereadores, os projetos que impactam os cofres públicos foram encaminhados “no apagar das luzes” e representam um risco concreto de “bomba” fiscal. A proposta de recriação da agência reguladora (aquela que Léo extinguiu no início do mandato por “gastos excessivos”), dá o tom: a nova versão da entidade terá 61 cargos e custo em 2025 de mais de R$ 3 milhões, mas que quase dobra em 2026 e 2027, chegando a mais de R$ 14 milhões pelos próximos três anos.
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Léo Moraes anunciou aos quatro ventos que o IPAM está praticamente falido, por responsabilidade de Hildon Chaves. De acordo com o prefeito, “um rombo bilionário” e “fortes indícios de corrupção”. A partir daí, contratou uma auditoria que custou 300 mil reais. Porém, mesmo com a suposta “falência”, quer criar 29 novos cargos comissionados no IPAM, com salários que vão a mais de R$ 27 mil. O impacto anual é de mais R$ 2,5 milhões ao instituto.
Riscos 3
Falando ainda em mais impacto, a Emdur deverá ter mais 25 cargos e novos jetons (gratificações), com gasto maior de R$ 2,1 milhões por ano. A “fome” de Léo Moraes e companhia deu o que falar na Casa de Leis municipal, onde parte dos parlamentares já rompidos com o prefeito, reforçaram: “Hoje foi dia de ferrar o município”, declarou Marcos Combate em vídeo nas redes sociais.
Cascalho
Na semana anterior, ainda houve uma decisão judicial que teria tirado Léo do sério. A divulgação de um suposto escândalo da anulação de uma licitação milionária para fornecimento de cascalho em Porto Velho. Em vez de responder às acusações, o prefeito preferiu atacar parte da imprensa.
Cascalho 2
A anulação do Pregão Eletrônico nº 018/2024, concluído na gestão anterior, foi atribuída a supostas “denúncias anônimas” e “vícios técnicos”. De forma unilateral e sem análise completa do processo, o superintendente municipal de Licitações, Ian Barros, de forma atrapalhada ou não, cancelou a licitação.
Cascalho 3
A decisão da juíza da 1ª Vara da Fazenda Pública indica que há indícios de crime e de improbidade administrativa, com manobras para favorecer uma empresa inabilitada no certame anterior. A magistrada foi clara: as alegações apresentadas pela atual gestão já haviam sido analisadas e rejeitadas judicialmente no processo nº 7047227-35.2024.8.22.0001.
Cascalho 4
O Poder Judiciário revogou a anulação feita por Ian Barros, determinou a notificação pessoal do prefeito e encaminhou o caso ao Ministério Público Estadual para apuração cível e penal. Em vez de se explicar e mostrar que seria um gestor correto e humilde, o “prefeito Tiktoker” foi esbravejar no mundo de Léo, que são suas redes sociais “em colab” com páginas de humor.
Raivinha
Sem argumentos jurídicos mínimos e extremo “coitadismo”, o ex-coligado com o povo acusou os veículos de comunicação de divulgarem notícias falsas, com extremo deboche da sentença. A crítica não ficou só à decisão judicial: Léo Moraes comentou em vários “posts” para vociferar contra jornalistas, sites de notícias e colunistas, achando que na força bruta, pode acabar com o processo.
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