COLUNA PONTO CRÍTICO – Vice-rei de Léo Moraes não aguenta “arrocho” e pede para sair; Políticos devem ter cuidado com o que falam ou com o que familiares escrevem em redes sociais

Por Felipe Corona

Deu ruim

Nas grandes monarquias, como na Espanha ou Inglaterra, onde os reis são exemplos de vigor, há primeiros-ministros fortes, escolhidos com o voto da população. Mas em Porto Velho existe o caso curioso do vice-rei, escolhido a dedo por Léo Moraes (Podemos): Oscar Netto, agora ex-secretário da SGG e ex-presidente estadual do Podemos, legenda que o elegeu para a prefeitura.

 

Deu ruim 2

Poucos dias após a publicação de uma reportagem do site Rondoniagora, onde existem fortes indícios de corrupção em um contrato de R$ 35 milhões com a empresa Plator Engenharia e Meio Ambiente, o secretário-geral de Governo de Porto Velho pediu exoneração do cargo. A saída, no entanto, está longe de representar uma ruptura com o prefeito.

 

Prêmio de consolação

Segundo dizem pessoas dos bastidores, apesar de aliados políticos tentarem emplacar que Oscar foi “promovido” à presidência da recém-recriada Agência Reguladora de Serviços Públicos, a realidade indica uma manobra típica de governos em crise: tirar de cena figuras-chave quando escândalos ganham corpo, mas mantê-las próximas do centro de poder.

 

Prêmio de consolação 2

A exoneração de Oscar aconteceu depois de grande pressão nos bastidores, iniciada na noite da última segunda-feira (19). O prefeito tentou convencê-lo a aceitar a presidência do novo órgão, mas o agora ex-secretário relutou. Não por modéstia — mas porquê, de acordo com fontes próximas à gestão, ele detinha mais poder do que a própria vice-prefeita, Magna dos Anjos.

Muito poder

O vice-rei (digamos assim) centralizava decisões administrativas, políticas e contratuais. Nenhuma nomeação passava sem seu OK. Nem mesmo secretários considerados próximos do prefeito tinham autonomia para escolher chefes de divisão ou diretores. Ele era o filtro, o executor e o garantidor dos interesses do núcleo político de Léo Moraes.

 

E a Plator?

O último “suspiro” de Oscar teria sido o escândalo da Plator Engenharia. A prefeitura aderiu, por meio de carona, a uma Ata de Registro de Preço de um consórcio de pequenos municípios de Minas Gerais. No mesmo dia, empenhou R$ 8 milhões. A velocidade da movimentação e a origem questionável da ata levantaram suspeitas imediatas no Tribunal de Contas do Estado e no Ministério Público, que já investigam possíveis irregularidades.

 

E a Plator 2?

No pacote também estão denúncias de solicitação de propina para agilizar a tramitação de documentos. E essa não foi a única mancha na Secretaria-Geral. Outra licitação emergencial — a da coleta de resíduos sólidos — também terminou judicializada, revelando uma ação preocupante e recorrente: emergências fabricadas para justificar contratos milionários sob pouca ou nenhuma concorrência, contra os princípios da legalidade e transparência.

 

Com lupa

A nomeação de Oscar para a presidência da Agência Reguladora não elimina sua responsabilidade pelas decisões tomadas enquanto esteve à frente da SGG. Muito menos pode ser tratada como uma “promoção”. Diferente do que pensam, o movimento revela o desespero de uma gestão já atolada em escândalos, denúncias e a tentativa de esconder as digitais de seus operadores.

 

Promessas “fakes”

Léo Moraes, que prometeu uma administração transparente e “coligada com o povo”, começa a ver um mar de lama à sua frente: contratos nebulosos, centralização extrema de poder e ausência de controle institucional. Ainda há tentativa de maquiar fatos com postagens engraçadinhas nas redes sociais e exonerações. Isso só reforça a imagem de um governo mais preocupado com aparências.

 

Pressa

A exoneração de Oscar Netto, publicada com urgência em edição extra do Diário Oficial da AROM às 10 da manhã da terça-feira (20) chamou a atenção. O despacho veio com a justificativa de “exoneração a pedido”. Porém, a movimentação apressada, envolvendo o vice-rei (considerado o segundo mais poderoso da gestão), só reforça a pressão que a prefeitura vem enfrentando.

 

Pressa 2

Normalmente, as edições do DOM são publicadas às 23 horas, mas aparentemente, o gabinete do prefeito não podia esperar. Além de perder o poderoso cargo, Oscar não é mais presidente estadual do Podemos, partido de Léo. Quem assume a vaga é o irmão dele, Paulo Moraes Jr., que é titular da Semdestur e pré-candidato a deputado estadual no ano que vem.

Acordo de amigos

E mais do que a jato, nesta sexta-feira (23), aconteceu uma suposta sabatina que Oscar deveria “enfrentar” para poder assumir a presidência do órgão regulador. Um verdadeiro circo, totalmente combinado. O que deveria ser um momento de transparência e prestação de contas virou uma reunião armada para blindar o indicado e proteger o jogo político por trás da nomeação.

 

Acordo de amigos 2

Essa manobra mostra o quanto a Câmara está “no bolso” de Léo Moraes e companhia. A escolha de Oscar Netto já está sacramentada antes mesmo da “sabatina”. O documento publicado em Diário Oficial escancara que ele já foi incluído como DIRETOR-PRESIDENTE, antes da arguição acontecer. Ou seja: a comissão é um carimbo, não um filtro técnico.

 

Cuidado

Dizem que o peixe morre pela boca. Mas atualmente, tem muita gente que se complica pelo que escreve ou divulga nas redes sociais. E na noite da última quinta-feira (22), o vereador Devanildo Santana teve um complicador na sua curta, mas conturbada carreira solo na política: a filha dele, Kauanny Santana, destratou uma jornalista diagnosticada com câncer em um grupo de WhatsApp.

Cuidado 2

O episódio ocorreu após Acácia Cavalcanti opinar sobre a realização de shows públicos com recursos municipais. “Esses eventos representam uma forma de devolver o dinheiro do povo em benefício coletivo, e a cultura ser valorizada, mas há pessoas de baixa renda que não possuem condições de pagar um show em casas de alto custo”, escreveu ela.

 

Cuidado 3

A resposta de Kauanny, acadêmica de medicina, foi direta e carregada de desdém: “Mana, para de falar merda, dinheiro da população tem que ser devolvido é para a saúde, onde tem vidas morrendo! Até você, Acácia, está precisando de saúde e recorrendo a vaquinha para conseguir fazer exames”, disparou ela.

Cuidado 4

A futura “doutora” do “doutor vereador” é filha daquele que, durante 8 anos, fez parte da gestão de Hildon Chaves (como secretário-adjunto da SGG, dentro do Prédio do Relógio), período em que a jornalista enfrentou negligência em 2021 ao ter atendimento negado na Maternidade Municipal. O fato pode ter agravado a doença que Acácia enfrenta hoje e achincalhada por Kauanny.

 

Cuidado 5

Abalada, a jornalista rebateu, classificando a fala como insensível e desumana. Em sua resposta, ela destacou que o diagnóstico da doença só foi possível pela celeridade do atendimento na rede municipal e estadual e que exames particulares se tornaram necessários devido à urgência do caso, para que fosse descartada uma possível metástase.

 

Cuidado 6

“É lamentável observar esse tipo de comentário com um nível tão baixo em uma conversa pública, especialmente vindo de alguém que deveria prezar pelo respeito, ainda mais sendo filha de um vereador. Querem fazer oposição ao executivo usando minha saúde e esse momento delicado sem que eu tenha te dado liberdade para isso”, pontuou Acácia.

Apelo

A jornalista explicou que as campanhas solidárias têm o objetivo de cobrir os altos custos do tratamento, que incluem transporte, alimentação, medicações e apoio psicológico. Ela ressaltou que esses gastos frequentemente extrapolam os recursos de qualquer sistema de saúde, público ou privado.

 

Além do ponto

Vou repetir aqui o que escrevi após a postura lamentável e vexatória da filha do vereador: “Se uma estudante de medicina trata mal e com desdém uma paciente oncológica em um grupo de WhatsApp, imagina quando se formar ‘doutora’”.

 

Além do ponto 2

Algumas pessoas (incluindo o vereador) para fugir da responsabilidade, podem falar: o CPF da filha é um e do político é outro. Engraçado que quando é para defender, toda a ajuda é válida. Mas quando faz cag#da, são pessoas diferentes? E sinceramente: o que uma estudante de medicina faz em um grupo com jornalistas que trabalham na cobertura da política rondoniense?

Jabá estragado

Sobre ter cuidado com o que falar em público, basta ver o exemplo do ex-vereador de Cacoal, Mário Angelino Moreira, mais conhecido como Jabá Moreira (União Brasil), nesta semana. Após repercussão negativa provocada pela baixaria na audiência pública sobre a BR-364, na Câmara Municipal de Ji-Paraná, o governador Marcos Rocha (União Brasil), decidiu exonerá-lo.

 

Jabá estragado 2

Com salário bruto de R$ 22.590,41, Jabá ocupava o cargo de Assessor XII (CDS-12) na Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). Sua atuação desastrosa na audiência (onde se apresentou como “pequeno produtor” e tentou tumultuar o debate), revelou um representante direto do Palácio do Governo, estrategicamente enviado para gerar desordem.

Jabá estragado 3

A exoneração de Jabá Moreira foi publicada no Diário Oficial do Estado de Rondônia, edição nº 94, de 21 de maio de 2025, por meio de decreto assinado pelo próprio governador, com efeitos retroativos a 16 de maio, três dias antes do episódio que gerou indignação. Quando foi publicada, Jabá estava em Brasília (DF) em audiências oficiais e soube por meio das redes sociais.

 

Parte dos tópicos da coluna deste final de semana foram escritos com informações divulgadas pelo site Rondoniagora, no dia 20 de maio (terça-feira).

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A coluna Ponto Crítico é assinada pelo  jornalista FELIPE CORONA

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